Experiência - mais, menos ou a mesma água

A área do Conhecimento do Mundo enraíza-se na curiosidade natural da criança e no seu desejo de saber compreender porquê. Curiosidade que é fomentada e alargada na educação Pré-escolar através de oportunidades de contatar com novas situações que são simultaneamente ocasiões de descoberta e de exploração do Mundo (Ministério de Educação, 1997: 79). Desse modo, importa facultar às crianças oportunidades de contatar com novas situações de exploração do mundo para que possam expandir os seus conhecimentos, através do trabalho experimental, e compreender o mundo físico e social, que as rodeia. Todos os meses temos vindo a realizar atividades experimentais valorizando os saberes de cada criança, dando oportunidade de se expressarem e partilharem esses mesmos saberes umas com as outras. A atividade escolhida para este mês foi a experiência intitulada “Mais, menos ou a mesma água”, da brochura “Despertar para a Ciência”, tendo em atenção as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Para o desenvolvimento desta atividade experimental a educadora colocou três canecas sobre a mesa e levantou a seguinte questão para resolver, ou seja, descobrir “Qual daquelas canecas suportava mais ou menos água ou a mesma água?”. Imediatamente, as crianças propuseram várias respostas para a questão. E para perceber as suas ideias e conceções cada criança verbalizou e algumas justificaram a sua opção, explicando o porquê de identificar determinada caneca como a que leva mais água, ou menos água ou a mesma água. Eis algumas respostas: a caneca da Oreo é mais larga e leva mais água; a caneca branca leva mais água que a caneca da Oreo; a caneca branca e a caneca da Oreo levam mais água do que a caneca amarela; a caneca amarela é mais fina por isso leva menos água. Todas as opiniões foram registadas. Depois a educadora perguntou: como podemos ter a certeza de qual é a caneca que leva mais água? Assim algumas sugestões foram dadas, como por exemplo “.. Vamos pôr água nas canecas para ver qual a caneca que leva mais água”; “… para sabermos qual a caneca que leva mais água precisamos de saber quantos copos de água leva cada caneca”. Começamos as medições e tiramos algumas conclusões que foram registadas. A educadora explicou que muitas vezes a altura das canecas e dos copos enganam, bem como a sua largura, o melhor é testar sempre com água qual das hipóteses é correta, como fizemos aqui. No início alguns de vocês disseram que a caneca da oreo era a que levava mais água, porque é “larga”, mas a caneca da oreo que é mais larga leva a mesma quantidade de água do que a caneca branca. A caneca amarela é a que tem menor capacidade, levou menos copos de água. Com a realização da experiência chegamos às seguintes conclusão: - A água não tem cheiro e não tem forma própria, adapta-se à forma do recipiente onde está contida. - A mesma quantidade de água pode atingir alturas diferentes, dependendo do recipiente onde é colocada. - Quando se muda a água de um recipiente para outro, a quantidade (volume) não se altera. Toda esta atividade teve como objetivo desenvolver aspetos relacionados com o significado de medir. Contudo, a um nível mais abrangente, o grande objetivo da atividade acima descrita é o de proporcionar um ambiente em que seja possível pensar e discutir coletivamente sobre as estratégias identificadas por alguns, de modo a estabelecer diferenças e semelhanças entre elas, caminhando no sentido da compreensão do processo de medição. Esta atividade experimental alia-se a todas as áreas de conteúdo, começando na Área de Formação Pessoal e Social, como o esperar pela sua vez, como o desenvolvimento de uma atitude crítica e reflexiva perante a testagem das hipóteses e a colocação das questões por parte da educadora, e estendendo-se à Área de Expressão e Comunicação, nos seus diferentes domínios: no domínio das expressões, com o desenho dos vários copos de água, conforme o que tinha sido observado na atividade, com a manipulação de objetos; no domínio da linguagem oral, a aquisição de palavras novas, no domínio da matemática, com a utilização de uma unidade de medida não padronizada, como o copo de café e, ainda, com o desenvolvimento do conceito de capacidade e número. Houve também ganhos ao nível da Área de Conhecimento do Mundo, com o confronto de uma situação do quotidiano e a possibilidade de formular hipóteses para, posteriormente, testá-las com a experimentação.